Os manuais diagnósticos contemporâneos e a patologização do normal

Abstract

A sociedade tem assistido na contemporaneidade a um excesso de classificação e patologização do comportamento humano, que se expressam nas diversas edições dos manuais classificatórios dos transtornos mentais. Tais comportamentos têm sido analisados, a partir de uma generalização e numa perspectiva reducionista, como temas pertinentes ao campo da psicopatologia. Este trabalho tem como proposta discutir, a partir das concepções de Michel Foucault sobre poder e da psicanálise sobre o sujeito, as críticas pertinentes dos manuais diagnósticos contemporâneos e o que pode ser compreendido como a “patologização do normal”. Pressupõe-se que devido aos aumentos das categorias nosológicas presentes no DSM-V, tem se estabelecido uma espécie de taxonomia moderna que reduz o sujeito à categorias psicopatológicas simplistas. Para atender ao propósito deste trabalho, foi realizada uma revisão de literatura de caráter narrativo, pesquisando as teorias de autores que abordam o tema e realizado um levantamento de dados organizado em um quadro descritivo. A partir disso, discutiu-se os discursos psicopatológicos que ressoam na contemporaneidade, a lógica que os sustentam, e a psicanálise como uma alternativa a esse reducionismo científico. Conclui-se que uma análise crítica da psicopatologia se faz urgentemente necessária, bem como uma abordagem terapêutica que considere a complexidade e singularidade do sujeito, compreendendo seus contextos e modo de viver.