Avaliação sociodemográfica, consumo e (in)segurança alimentar entre usuários de duas unidades básicas de saúde do município de Muriaé - MG

Abstract

Introdução: A fome no Brasil é uma problemática que voltou a se fazer mais presente, principalmente durante e após a pandemia da Covid-19, e esta está associada às desigualdades sociais. Neste contexto, a insegurança alimentar também se relaciona e não compreende apenas a presença ou ausência da fome, mas sim aspectos mais intrínsecos dos lares nos quais está inserida, causando alterações no estilo de vida e bem-estar dos indivíduos. Objetivo: Avaliar aspectos sociodemográficos e socioeconômicos, consumo alimentar, estado nutricional e os níveis de (in)segurança alimentar de usuários de duas Unidades Básicas de Saúde no município de Muriaé - MG. Metodologia: Tratou-se de um estudo transversal realizado com usuários de duas Unidades Básicas de Saúde do município de Muriaé – MG. Para a coleta de dados foram aplicados questionários compreendendo questões sobre dados sociodemográficos, frequência alimentar, classificação socioeconômica e nível de (in)segurança alimentar. Especificamente para a classificação socioeconômica foi utilizado o questionário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, e, no que se refere ao nível de (in)segurança alimentar, foi utilizada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Além disso, foi realizada a avaliação antropométrica (peso e altura) e posterior classificação do estado nutricional conforme a Organização Mundial da Saúde. Os dados coletados foram analisados por meio do programa Excel®️, versão 2019, no qual foram calculadas médias, desvio padrão, frequências simples e absolutas. Resultados: Participaram da pesquisa 80 indivíduos adultos sendo 75% do sexo feminino, 46,25% com ensino médio concluído, 22,5% com renda de um salário mínimo. Cerca de 61,25% apresentavam excesso de peso. Em relação ao consumo de alimentos in natura, 38,75% consumiam vegetais folhosos e 52,5% consumiam frutas diariamente. Cerca de 43,75% relataram o consumo de fast foods e bebidas artificiais até quatro vezes durante a semana. Além disso, verificou-se um consumo diário de arroz e feijão, 96,25% e 83,75%, respectivamente. Com relação as refeições diárias 43,75% realizavam 4 refeições por dia, e, além disso 61,25% relataram que o preço era o principal fator determinante no momento da compra de alimentos. Referente a classe socioeconômica, 35% se encontravam na classe C2. De acordo com a EBIA, 40% dos participantes estavam em algum grau de insegurança alimentar, sendo que 23,75% estavam em grau leve. Conclusão: Conclui-se que houve uma prevalência considerável de insegurança alimentar e houve predomínio da classe socioeconômica C2. A dieta dos participantes era baseada em arroz e feijão, com consumo frequente de alimentos in natura, mas também havia um consumo relevante de alimentos processados e ultraprocessados. A maioria dos participantes apresentou excesso de peso, possivelmente devido à ênfase no custo em detrimento da qualidade nutricional em suas escolhas alimentares.